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A freelancer belorizontina Aline Aquino pode parecer mais uma entre tantos profissionais que adaptaram suas carreiras às necessidades da vida prática. Entretanto, Aline, aos 29 anos, resolveu se arriscar para experimentar uma antiga vontade e, quem sabe, conseguir assim um emprego estável.
Cerca de dez anos após entrar no ensino superior pela primeira vez, Aline retornou à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para conquistar mais um diploma. Dessa vez, o de jornalista, que acabou sendo uma opção deixada de lado quando, em 2007, a então estudante recém formada no ensino médio fez uma escolha que hoje parece inusitada, mas na época era muito comum.
Aline foi aprovada no vestibular da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) para o curso de Design Gráfico, ao mesmo tempo que conseguiu uma vaga para Comunicação Social na UFMG. Ela viu que as duas áreas dialogavam bastante, visto que escolheu a habilitação em Publicidade e Propaganda na federal. Assim, como muitos de seus colegas, ao fim de quatro anos ela concluiu a graduação nas duas universidades.
A belorizontina teve contato com o Design desde cedo, pois fez um curso técnico e estagiou na área antes mesmo de entrar na universidade. Talvez por isso tenha enveredado pela criação visual, carreira que segue até hoje. Aline trabalhou em sociedade com o irmão por vários anos após a conclusão dos cursos superiores e se dedicava à elaboração de sites para os clientes da empresa.
Tudo mudou quando a designer descobriu, em 2017, que poderia fazer a continuidade em Jornalismo, mesmo após tantos anos de ter se formado em Publicidade e Propaganda. Aline já estava em busca de novos horizontes e se preparava para concursos. Ela percebeu que as vagas públicas, dentro da Comunicação, são menos escassas para o cargo de jornalista, e viu na terceira graduação uma oportunidade para expandir suas opções.
Assim, Aline tomou uma decisão que muitos não fariam: desfez a sociedade com seu irmão, começou a trabalhar de maneira autônoma e voltou para a UFMG. O freelance se fez necessário uma vez que ela precisava de uma maior flexibilidade de horários para estudar para concursos e também cursar as disciplinas requeridas para obter o novo título. A continuidade em Jornalismo era uma opção que ela pretendia fazer assim que concluísse as duas graduações, mas o cansaço após fazer dois trabalhos de conclusão de curso e a ansiedade para entrar logo no mercado de trabalho a fizeram desistir da ideia.
Atualmente no segundo semestre dos três necessários para se tornar uma jornalista com diploma, a freelancer sente que tudo na universidade está igual, mas ao mesmo tempo vive uma experiência completamente diferente de sua primeira graduação da UFMG. Aline sente uma pressão muito maior agora que precisa se preocupar com seu sustento e ao mesmo tempo cursar as disciplinas da continuidade. Além disso, por fazer aulas com turmas diferentes, não tem a mesma sensação de pertencer a um grupo, como era na época que cursou Publicidade e Propaganda e Design Gráfico.
Outro aspecto diferente observado por Aline é a “nova cara” que a UFMG tem. Em sua segunda experiência na universidade, ela observa que o perfil do aluno mudou bastante. Diferente de dez anos atrás, o corpo discente é constituído por pessoas de todos os cantos do país e de diferentes faixas etárias. Ela também nota que não existe mais uma grande maioria de alunos de escolas particulares. Aline atribui tais mudanças ao fim do vestibular tradicional e à adesão da universidade ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada).
Apesar das dificuldades de conciliar a continuidade em Jornalismo com a carreira como autônoma, a estudante afirma estar contente com a opção escolhida, pois sempre quis experimentar a profissão. Aline continua atendendo seus antigos clientes da época da sociedade com o irmão, e faz a grande maioria dos atendimentos online. Seu tempo é dividido entre a graduação e a prestação de serviços, além dos estudos para concurso.
O objetivo atual da freelancer é conseguir um cargo público para que possa ter uma maior estabilidade e experimentar uma nova área da comunicação. Ela poderia ter continuado trabalhando em sociedade com o irmão, o que certamente lhe traria mais segurança. No entanto, optou por se aventurar e realmente se dedicar ao novo objetivo, o que mostra que além da determinação, a coragem é uma característica marcante de Aline.