Dossiê: Transporte

Confira as produções de alunos de Comunicação da UFMG sobre o trânsito em BH para diversas plataformas jornalísticas.

 

M atérias publicadas noutras plataformas sobre as questões da vida cotidiana do transporte em BH. Produção dos estudantes da Disciplina Laboratório de Produção de Reportagem, do Departamento de Comunicação Social da UFMG, no segundo semestre de 2013.

Destino: ElDorado
O metrô de Belo Horizonte existe desde 1986, mas só atingiu funcionamento total em 2002. A linha vai do Bairro Água Branca, no município de Contagem, até o Bairro Venda Nova, em Belo Horizonte. Em uma extensão de 28,2 km, o metrô conta com 19 estações. A conclusão de mais duas linhas está prevista para 2017, uma ligando o Barreiro à Estação Calafate e outra subterrânea, com a conexão da Savassi à Estação Lagoinha. Confira

Jéssica Malta

Apesar do costume de viajar de trem e sua semelhança com o metrô, andei pela primeira vez de metrô durante a produção desta reportagem. Me surpreendi com a facilidade do transporte, imaginava algo um pouco mais complicado. O silêncio e a rapidez do trajeto também me surpreenderam.

 

Kelly Cardoso

Durante os 28,2km percorridos dentro do metrô de BH, a cada instante me deparava com locais importantes da cidade e que eu nem imaginava que era possível ir de metrô. Só conseguia pensar como eu poderia aproveitar mais a estação localizada a menos de dois quarteirões da minha casa.

Laura Ribeiro

A janela do metrô apresenta-se como uma tela corrente de formas e paisagens que notei multiformes. A cada olhar, a cada detalhe, as figuras e cores mudavam, adaptando-se, imagino eu, à experiência de cada espectador. De lagarta faceira de metal a torres cromadas em campo aberto, me pergunto se a paisagem não era, na verdade, um reflexo do íntimo do observador.

Os best-sellers da vida real
“Esse é romance. É igual aos outros dele, depois você assiste ao filme, é uma gracinha”. A recomendação de Morte e vida de Charlie St. Cloud, livro de Ben Sherwood, vem de Kelly Romão, funcionária da Estação Leitura, biblioteca localizada dentro da estação Central do metrô de Belo Horizonte. A obra…

Marcos Fernandes

Foi com muito prazer e admiração que ouvi as histórias dos usuários da biblioteca Estação Leitura – e foi com esse mesmo carinho pelos entrevistados que tentei costurar o texto. Muitas vezes o hábito de ler se torna uma briga (contra preços, prazos e o agito de quem pega transporte público) mas, durante a apuração, eu só conheci vencedores.

Paulo Henrique dos Santos

Uma biblioteca no metrô é uma coisa inusitada, daí a vontade em mostrar esse lado do transporte coletivo. O melhor desta experiência foi perceber a satisfação dos usuários e funcionários da Estação Leitura com o espaço e com as histórias que se cruzam por ali. Histórias tão interessantes quanto aquelas contadas pelos prêmios Nobel escondidos entre as prateleiras.

Mal das pernas
Ausência de semáforos, faixas de pedestres apagadas e a longa espera por um sinal verde para atravessar. Andar a pé em Belo Horizonte é uma tarefa para os pacientes e, por que não, para os corajosos (e, muitas vezes, imprudentes). Não é raro ver pessoas correndo no sinal vermelho ou atravessando entre os carros. Difícil mesmo é encontrar um local em que a preferência seja realmente delas. Leia mais

Anna Cláudia Pinheiro

Embora a infraestrutura seja realmente problemática, o comportamento dos pedestres impressiona bastante. Durante a observação na Avenida Augusto de Lima, um senhor de idade avançada, caminhando com dificuldade – e com auxílio de uma bengala – se aventurou entre os carros e ônibus para atravessar. A impaciência para esperar o sinal abrir é quase sempre maior que o medo de sofrer um acidente.

Eduarda Rodrigues

Foi a matéria com mais chão que já fiz. Chão cheio de buracos e dificuldades. Olhar para baixo foi interessante, pensar num problema que é mais um daqueles problemas que a gente já parou de prestar atenção. Mesmo assim, não perdi a fé em continuar sendo apenas pedestre enquanto as pernas permitirem.

Ingred Souza

Além da falta de estrutura, me chamou a atenção a imprudência dos motoristas, que parecem acreditar que as vias são apenas deles. Uma situação curiosa foi receber uma “buzinada” de indignação porque eu estava caminhando pela faixa, ao invés de parar para o carro passar!

Isabela Meireles

No momento em que eu tentava encontrar um melhor ângulo para fotografar, várias pessoas se aventuravam entre os carros para atravessar a rua. O movimento era constante e o risco de acidentes parecia não intimidar ninguém.

Natália Ferraz

Nos oito pontos em que estive para fazer essa reportagem, tentei cumprir as minhas obrigações de pedestre, como não atravessar fora da faixa ou enquanto o sinal estava fechado. Essa experiência foi importante para que eu pudesse sentir ainda mais o desrespeito que existe com quem caminha por Belo Horizonte.

(Des)abrigo
Os problemas no transporte público são velhos conhecidos da população em todo o país. Quem utiliza os coletivos diariamente está acostumado com a falta de veículos e a superlotação, principalmente nos horários de pico. Mas os transtornos começam desde o local de embarque. Confira.

Aline Carvalho

Foram necessários seis ônibus e alguns quilômetros a pé, debaixo de sol forte. Até então eu não via nada de interessante em um ponto de ônibus, mas, no primeiro dia, um senhor me contou sua história a partir das linhas que pegara durante a vida. Percebi que minha história também podia ser contada assim, a cada mudança de percurso na cidade, um ônibus novo.  

Amanda Almeida

Sempre preferi andar a pé a ter que esperar pelo transporte público. Além de passar longos períodos aguardando pelos ônibus, os abrigos de BH não possuem lá as estruturas mais confortáveis. Abordar o tema na reportagem me fez entender parte do porquê dessa situação, perceber os pontos de ônibus com um outro olhar e tentar buscar alternativas para o que hoje aparenta ser apenas (des)abrigo.

Marlon Souza

O céu escurecia. Trovões anunciavam a chegada da chuva. Um raio caiu próximo ao local onde estacionou o carro que me levou para fazer as entrevistas com usuários de ônibus. Eu me assustei, mas também percebi que poderia estar no lugar e na hora certos. Durante uma dessas entrevistas, o granizo invadiu a região. A agitação tomou conta, todos se escondiam das pedras de gelo. Vi, ainda mais, o quanto faz falta ter abrigos adequados para quem espera o ônibus.

Victor Lambertucci

Foi durante a pré-apuração para definir o foco de uma matéria sobre transporte coletivo que um dos usuários e personagens me chamou a atenção. Tanto já se falou sobre o preço das passagens, a falta de ônibus e a ineficiência do sistema como um todo, mas pouco se olha para a questão dos abrigos. O desafio diário de quem usa os coletivos começa desde a espera pelo ônibus, embaixo de um verdadeiro “Des(abrigo)”, como classificou o usuário. De onde menos esperávamos surgiu uma pauta e tanto.

A Via Crucis do 50
Quem mora na região Nordeste de Belo Horizonte, nas proximidades das Avenidas José Cândido, Cristiano Machado e Bernardo Vasconcelos, e depende do transporte público para chegar à região da Pampulha conhece bem a Via Crúcis da linha S50.

Aline Carvalho

Amanda Almeida

Marlon Henrique

Victor Lambertucci

Peregrinos diários
Eduardo Monteiro, jovem crítico de cinema e blogueiro, já transformou as longas caminhadas para compromissos de trabalho e lazer em parte do seu dia-a-dia. Leia mais…

Ana Clara Matta

Comecei a buscar um panorama dos pedestres belo-horizontinos esperando uma confluência muito grande nas respostas – eu as imaginei prosaicas ou, usando um adjetivo próprio porém pouco usado nesse sentido, pedestres. Encontrei relatos interessantíssimos, que mostraram que os problemas dos pedestres de uma cidade refletem os problemas gerais da macro-estrutura do espaço urbano em questão.

Razões para caminhar
Em uma grande capital como Belo Horizonte, onde as distâncias e o trânsito complicado são um desafio para o transporte público, caminhar é uma alternativa de deslocamento. No entanto, essa não é a única razão que faz com que alguém deixe o volante. Convicções pessoais, imprevistos e medo dirigir são alguns dos motivos que fazem com que pessoas se assumam como pedestres e vivenciem a cidade sob uma perspectiva bastante particular.

Karina Froés

Inicialmente, parecia um desafio encontrar pessoas com diferentes perfis e que fazem da caminhada sua principal forma de deslocamento pela cidade. No entanto, logo na primeira entrevista, foram surgindo voluntários em meio àqueles que, por acaso, ouviam a minha conversa com a entrevistada. Muito me surpreendeu o interesse dessas pessoas em tornar conhecida a sua opção por serem pedestres no cenário de um grande centro urbano, bem como a sua convicção por essa escolha por caminhar.

Meire Ellem tem um sonho...
Sob a batuta das produções do LABCON e da disciplina “Laboratório de Produção de Reportagem”do curso de Comunicação Social/Jornalismo, o que se verá nas páginas a seguir é uma breve reportagem, em gênero de perfil jornalístico, sobre a personagem Meire Ellem Galvão.
Luiz Guilherme Almeida

Conheci a história de Meire quando produzia a reportagem Acessibilidade que engana: o reflexo da atual mobilidade urbana em BH. Ela me foi indicada por uma fonte como sendo dona de uma história de superação e conquistas, e com a ressalva “você não vai se arrepender”. De fato. Ao longo de dois meses eu pude acompanhar Meire de perto, em conversas constantes e encontros que culminaram nesta reportagem-perfil multimídia. Sua história me cativou e tentei traduzir isso em texto. Pessoalmente, reafirmei o valor que os sonhos têm para as pessoas, mas principalmente o quão saboroso e importante é persegui-los, seja qual for o obstáculo imposto.

Superando desafios e preconceitos
Em um bar no Bairro Santo Antônio, região Sul de Belo Horizonte, o jovem Sandro Waldez, de 16 anos, se envolve em uma discussão iniciada por um amigo “franzino” com um atrevido mais forte. Era 1995.

Aluísio Junior

Peter Abram

Vou de carona
A antiga prática da carona continua comum entre os jovens, mas se adaptou à realidade das redes. Veja como.

Adélia Oliveira

Conversar e entrevistar pessoas que viajam por meio da boa vontade de outros indivíduos é um modo de retomar a fé e perceber que ainda pode existir solidariedade. E mais do que isso, é tomar consciência de que existem muitas experiências interessantíssimas que ainda poderemos vivenciar. Tive vontade de arrumar uma pequena mala e partir. 

Marina Dayrell

Arrisco-me a dizer que conhecer a Débora foi como uma das múltiplas viagens que ela me contou: não gastei nenhum centavo, conheci incríveis personagens reais e rodei por inúmeras rodovias desse continente, ainda que eu não tenha feito muito mais que sentar, ligar o computador e me deixar ouvir quem tem muito a dizer.

Melissa Gomes

Ver como a realidade de rede está em função das caronas foi importante profissionalmente e pessoalmente. Como pessoa pude estar por dentro das possibilidades de pegar caronas e das medidas de segurança que devem ser tomadas. Como estudante de jornalismo pude aplicar a própria realidade de rede para produzir a versão final do trabalho.

Thaiane Bueno

Como universitário sempre está com o dinheiro contado, já peguei algumas caronas para visitar amigos de forma econômica. Nessas viagens, ouvi histórias interessantes ocorridas nos trajetos. Foi daí que imaginei que seria interessante reunir mais relatos. A cada história ouvida foi como se eu embarcasse numa nova viagem junto com o caroneiro.

Burlando o tráfego
Eu voltei para casa de carona com E., depois de ele ter consumido uma dose de café com rum que tinha, pelo menos, um quinto da bebida alcoólica, o necessário para qualificar uma infração no teste do bafômetro. Foram trinta minutos de trajeto e passamos por uma patrulha da Polícia Militar. Não fomos parados.

Lucas Afonso Sepúlveda

O Waze é uma alternativa para os motoristas que querem fugir de congestionamento. No Brasil, esse aplicativo acabou virando o favorito para escapar das blitze da Lei Seca. Fui à procura de respostas sobre a “má conduta” do aplicativo, se ela era responsabilidade do criador ou de quem a usava. Conheço pessoas que já dirigiram bêbadas e amigos me indicaram outros amigos que haviam usado o Waze depois de beber. Foi difícil encontrar alguém que aceitasse conversar sobre o assunto. As pessoas têm vergonha. As duas fontes desta matéria também tinham, mas decidiram falar, segundo elas, “sem hipocrisia”.