O que leva os alunos de comunicação a terem sua grade curricular “bagunçada”, chegando até mesmo ao ponto de atrasarem sua conclusão de curso com isso?

Por Matheus Ávila

Trabalhos acadêmicos recorrentes, dificuldade de conciliação de horários e baixa oferta de disciplinas. Todas estas são dificuldades que o estudante de comunicação enfrenta durante seu percurso acadêmico, e que, por vezes, fazem com que sua grade fique “bagunçada”, de modo que responder  à pergunta: “em que semestre você tá?” não seja tão simples. Mas o que leva a essa complicação na grade acadêmica?

Antes de responder a tal pergunta, é necessário entendermos os critérios por trás da carga horária exigida dos alunos.

Você já viu esse quadro por aí?
Exemplo da carga horária de um aluno do 5º período de Comunicação


Atualmente, a carga horária exigida no curso de Comunicação é de 1950 horas para as disciplinas obrigatórias, e 750 horas para as optativas. Porém, até mesmo entre as optativas há uma carga horária específica que deve ser cumprida, divida entre “Específicas da Comunicação” (240h), “Laboratórios” (360h) e “Optativas Gerais” (150h).

Quando questionado sobre os critérios por trás da elaboração da carga horária dos estudantes, o colegiado se pronunciou dizendo que:

“A carga horária de optativas e sua distribuição em determinados grupos é definida na criação do curso e consta no projeto pedagógico que foi aprovado em todas as instâncias deliberativas (Colegiado do curso, Câmara Departamental, Congregação da Unidade, Câmara de Graduação)”.

Ao todo são 2700 horas que devem ser cursadas, as quais, caso fossem transpostas para dias, dariam um total de 112,5 dias de estudo. Para boa parte dos estudantes, torna-se um problema conciliar as disciplinas acadêmicas com demais obrigações do dia a dia.

Como consultar sua integralização curricular?

Para os que desejam acessar seu extrato de integralização curricular, e ter uma ideia sobre quão perto estão ou não de concluir suas horas obrigatórias, basta seguir o caminho a seguir:

  • Passo 1: Entrar no SIGA UFMG e selecionar a opção “Minhas Matrículas”
  • Passo 2 – Selecionar a opção “Meu extrato de integralização curricular”
  • Passo 3 – Fazer download do arquivo e acessar seus dados

No documento de Integralização Curricular (o qual é específico para alunos de Comunicação) é possível verificar a carga horária já cursada, e ainda a cursar. Através dele o aluno pode ter uma ideia de seu percurso acadêmico, bem como definir quais Optativas cursar no próximo semestre, visando complementar sua carga horária obrigatória.

O estudante fatorial

A pergunta “em que semestre você tá?” é mais difícil de ser respondida do que aparenta. Para alunos regulares, a resposta é simples, mas, para alunos que possuem sua grade desregular, tal qual Marina, do curso de Jornalismo, a resposta não é tão simples assim: “Vários, vários semestres!”, responde Marina. Já Luiz, de Relações Públicas, prefere dizer, com humor, que está em dois ao mesmo tempo.

Isso faz com que tais estudantes sejam conhecidos como o “estudante fatorial”, referência ao termo matemático representado por um número cuja representação se dá pela multiplicação de seus antecessores, ou seja, um número lido ao contrário, de frente para trás.

Atualmente, é possível que um aluno siga adiante no curso mesmo sem cursar as disciplinas obrigatórias de determinado semestre, fazendo com que seja possível cursá-las posteriormente. O colegiado considera essa flexibilização como um ponto positivo, e são enfáticos ao dizerem que “não consideram essa flexibilização como uma bagunça na grade curricular”.

Ambos os alunos entrevistados, Marina e Luiz, não concordam totalmente com a fala do colegiado. Para eles, essa desregularidade na grade horária atrapalha, e o fato de não poderem cursar todas as disciplinas com sua turma inicial é um impeditivo. “Os horários e a frequência das disciplinas optativas definitivamente afetam a regularização da minha grade. Às vezes, a oferta não se alinha com minha disponibilidade, tornando difícil escolher as matérias desejadas.”, diz Luiz.

Além das obrigatórias, é também um problema para tais alunos adequarem seus horários para as disciplinas optativas. As optativas são ofertadas todos os semestres, e seus horários são variáveis, sendo responsabilidade do departamento de comunicação social definir e distribuir os encargos daquele semestre.

“Sempre há vagas em disciplinas optativas, porém muitas vezes os alunos querem uma disciplina específica que possui uma demanda maior e por isso decidem aguardar uma nova oferta.”

Entretanto, é comum parte dos alunos atrasarem seu semestre justamente por não conseguirem disponibilidade de horário naquela optativa que necessitam cursar. Muitas vezes tal conflito não está na alta procura por aquela optativa, mas sim no horário inoportuno que ela é ofertada.

Ambos, Marina e Luiz, relatam que já houve optativas as quais eles deixaram de cursar por uma incompatibilidade de horários, ou até mesmo pela falta de vagas. Isso acaba fazendo com que eles tenham de desistir de determinadas disciplinas para tentar cursá-las novamente no futuro. O problema, é que algumas optativas acabam não retornando à grade, o que faz delas realmente uma oportunidade única. “Sim, já houve optativas que eu realmente queria cursar, mas não consegui devido a conflitos de horário ou à falta de vagas.”, diz Luiz.

Entretanto, as consequências vão além do que apenas uma extensão no tempo de formação, mas sim um problema de “enturmação” por parte desses alunos. Cursar disciplinas em vários semestres diferentes, muitas vezes em turmas das quais não se conhece ninguém, representa um desafio à parte. Quanto a isso, Marina afirma que “Às vezes sinto dificuldades em me enturmar em disciplinas com turmas desconhecidas. A falta de familiaridade pode tornar a experiência acadêmica um pouco mais desafiadora.”

Por fim, quando perguntada sobre as medidas que acha que poderiam ser adotadas pela universidade/colegiado para ajudar que os alunos que possuam uma grande “bagunçada” pudesse regularizá-la, Marina diz:

Acredito que a universidade poderia oferecer uma maior flexibilidade nos horários das disciplinas, especialmente das optativas. Além disso, um suporte mais efetivo na orientação acadêmica, considerando as demandas individuais, seria muito útil para ajudar os alunos a regularizarem suas grades.”