Por Gustavo de Oliveira Souza e Vinícius Figueiredo de Brito
Segundo o Dicionário Oxford, uma piscina pode ser: 1. um tanque com instalações próprias para natação e alguns outros esportes aquáticos ou 2. reservatório de água para lavagem de roupa ou bebedouro de gado. Ou seja, para que um espaço possa ser nomeado uma piscina, ele deve ter água e ser apropriada para a prática da natação.
O Centro Esportivo Universitário da UFMG (CEU) já foi um grande polo de encontro de atletas das águas e da comunidade acadêmica que desejava se refrescar no final de semana. Contava com duas piscinas: uma voltada mais para o banho casual e, a outra para a prática esportiva.
Em junho de 2022 (e desde agosto de 2011), ao adentrar nas propriedades do clube e procurar um espaço para dar um mergulho, você será informado de que há apenas um espaço no Centro Esportivo Universitário próprio para isso. Só há uma piscina. E é aquela que, anteriormente, era a de “segunda categoria” e destinada apenas para nados triviais, e não a preparada para atletas de ponta.
Nas imagens acima, constata-se a situação daquela que, um dia, já foi chamada de “piscina olímpica do CEU” e que, hoje em dia, não se sabe muito bem definir o que é. Em 2014, três anos após a interdição oficial, ela foi chamada de “casa para mosquito da dengue”, como registrado por matéria do portal R7 da época. Depois disso, pouco se falou sobre ela e de poucos nomes ela foi chamada.
Mas como ela era quando era notadamente uma piscina olímpica de ponta? Por quais motivos ela está em ruínas? Há em andamento planos para recuperação da estrutura? São algumas das perguntas que pretende-se responder nesta reportagem.
COMO A PISCINA JÁ FOI?
A piscina olímpica ainda fazia parte do cotidiano dos frequentadores e tinha papel importante no incentivo ao esporte. Dentro dela e ao seu redor, o ambiente ficava lotado, principalmente no verão. Nas férias de janeiro, o complexo esportivo universitário chegava a receber até 5.000 pessoas em apenas um dia. Isso foi há mais de 10 anos , em 2011.
Essas informações foram encontradas em um texto do LabCon (Laboratório de Convergência), intitulado “O que você não sabe sobre o CEU (Centro Esportivo Universitário da UFMG)”, de maio daquele mesmo ano.
Desde 4 de agosto de 2011, entretanto, a piscina olímpica não pode mais ser utilizada. Até mesmo enxergá-la ficou complicado, já que ela está cercada por uma proteção com tábuas de madeira.
“É super importante que a piscina seja reformada para que vários nadadores possam exercitarem nela para que a outra piscina possa ficar só para as pessoas que querem se refrescar.” – Marilene Gonçalves
“Frequento o clube há 10 anos e sinto o impacto que seu não funcionamento causa.” – Amanda Ladislao
“Sou ex-aluna da UFMG. Não renovo minha carteirinha do clube, porque tem uma década que essa piscina olímpica está abandonada. Precisa de reforma!” – Lysandra Nogueira de Araújo
Esses e outros mais de 40 comentários podem ser encontrados no abaixo-assinado virtual favorável à reforma da piscina olímpica CEU/UFMG, criado há três anos por Thiago Sandi, ex-aluno de Sistemas de Informação na UFMG. Essa petição está disponível no site change.org e conta com mais de 1.500 assinaturas. No entanto, a iniciativa foi abandonada…
POR QUE A PISCINA ESTÁ ASSIM?
Em meados de 2011, o DEMAI (Departamento de Manutenção e Operação da Infraestrutura) da UFMG informou à Superintendência de Infraestrutura e Manutenção da UFMG que a piscina olímpica estava apresentando vazamento significativo de água há algum tempo, e que no mês de julho esse vazamento havia aumentado 300%.
Por conta do vazamento, outros problemas foram acarretados, como: prejuízo mensal de 20 mil reais no pagamento à COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais), problemas ecológicos por conta do desperdício de água tratada e possíveis riscos de acidentes aos usuários. A piscina, então, foi esvaziada e interditada por tempo indeterminado. Até que a Superintendência fez o diagnóstico e a proposta de solução do problema. Essas informações estão presentes no documento da Superintendência de Infraestrutura e Manutenção da UFMG, de 4 de agosto de 2011.
Na mesma data, a Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento emitiu uma nota oficial acerca do assunto.
“Informamos aos interessados que tendo tomado conhecimento da existência de problemas na piscina do Centro Esportivo Universitário – CEU, a sua direção encaminhou à PROPLAN solicitação de laudo técnico. Feitos os estudos pertinentes contatou-se a existência de problemas estruturais na piscina, que recomendam a sua demolição. Projetos visando a construção de uma nova piscina para o CEU estão sendo desenvolvidos.”
Nota oficial da Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento / Divulgação UFMG
Ao longo dos anos, o CEU soltou alguns informes e avisos a respeito da situação momentânea da piscina olímpica e possíveis projetos a serem desenvolvidos para a sua reforma.
Em 25/01/2013, o CEU soltou um informe dizendo que a piscina olímpica ainda estava interditada por tempo indeterminado, mas que um projeto de nova piscina estava em execução. Em 06/05/2014, o CEU postou nos informes uma mensagem avisando que a piscina continuava interditada.
O último informe publicado no site do CEU a respeito da piscina olímpica foi em 11 de maio de 2015. Na mensagem, o CEU fala que o projeto de restauração da piscina olímpica está em andamento e explica o motivo da interdição, iniciada quatro anos antes.
“O projeto de restauração da piscina olímpica do CEU está em andamento. Até esta data, foram concluídos os projetos – hidráulico e de iluminação. Os projetos estrutural, arquitetônico e elétrico vão passar por uma revisão. De acordo com o Departamento de Planejamento Físico e Obras (DPFO) da UFMG, a proposta é fazer alterações no escopo desses projetos para otimizar recursos com a manutenção. A previsão para a revisão é de dois meses. Após a conclusão das fases de projetos serão realizados o levantamento orçamentário e licitação. Dado o momento de contingenciamento de recursos estabelecido pelo Governo Federal, a liberação de recursos será conforme prioridades definidas pela Administração Central da UFMG. Construída em 1971, a piscina olímpica está interditada desde 2011. A tubulação da piscina é antiga, o que acabou causando vazamentos e a posterior interdição da piscina. O problema começou quando foi constatado um pequeno vazamento que causou erosão no solo abaixo da piscina. Essa erosão resultou em uma movimentação de terra, que causou rachaduras na piscina, sendo necessária a interdição.”
Como visto no início do texto, as obras não progrediram e a piscina olímpica do CEU nunca voltou a ser uma piscina. Desde a nota de 2015, não se comentou mais oficialmente sobre a possibilidade da retomada das obras de recuperação e de restauração. Até quando a comunidade acadêmica ficará com o vazio de uma não-piscina?