Espaço é uma ótima opção para fugir da rotina intensa de lugares mais movimentados do Campus Pampulha

Por Pedro Gonçalves

Localizado atrás da Faculdade de Educação da UFMG, o Jardim Mandala é uma boa opção para quem quer fugir de locais movimentados ou pouco aconchegantes, como os Centros Acadêmicos e a Praça de Serviços.  Idealizado por Wellington Dias em 2014, o jardim começou como um trabalho prático de conclusão de curso. Wellington, como aluno do curso de artes plásticas, escolheu o espaço da FaE por ter feito algumas disciplinas no local e ter a aceitação da diretoria. 

Espaço é bem arborizado e tem características da cultura quilombola e indígena. Foto: Raíssa César / UFMG

O jardim, que começou como um trabalho de conclusão de curso e ainda hoje permanece vivo, dá espaço e credibilidade ao seu idealizador. Para construir o ambiente, Wellington fez pesquisas e buscou unir teorias de pensadores como Edgar Morin e Ferdinand Röhr. Além disso, o balanceamento com o conhecimento popular foi crucial para dar as características do espaço para que fossem condizentes à cultura Brasileira. 

O quilombola Antônio Bispo dos Santos, conhecido também como Nêgo Bispo, e a líder religiosa Makota Valdina, referências do saber popular, foram cruciais para a orientação de Wellington e até mesmo ao reconhecimento do Jardim Mandala como um espaço vivo de conhecimento. A mistura de técnicas indígenas, de matriz africana e de Feng Shui ajudam no posicionamento das plantas, caminhos criados para o trânsito dos visitantes, harmonia de cheiros entre a vegetação e posição das esculturas no local. 

Wellington não quis dar entrevista de uma maneira convencional; ao invés disso, ele contou como foi sua experiência no local e convidou a deixar que o lugar com seus aromas e sons fale por si só. Em uma aula transmitida pelo YouTube da Formação Transversal em Saberes Tradicionais da UFMG, no ano de 2019, Makota Valdina, em visita ao Jardim Mandala, prezou pela utilização do espaço por parte dos alunos, identificou a importância de plantas presentes e enalteceu a energia do local. Disse ainda que se fosse professora, aquele seria um espaço excelente para dar aulas. 

O reconhecimento de Makota é tão importante para Wellington que uma estátua em homenagem à pensadora deverá ser instalada em breve no local, em um trabalho de pós-graduação que será feito pelo artista plástico. O espaço bem arborizado e frequentemente regado por Wellington traz paz com sons de ambientação que são reproduzidos por uma caixa de som. Segundo ele, os sons ajudam na energia do lugar, que são atrativos para pássaros, esquilos e até pequenos gambás. Wellington cuida do espaço há quase 10 anos, todos os dias da semana, inclusive domingos, a partir das 7 da manhã.

Excelente para descanso ou concentração dos estudantes, o local traz paz para os que frequentam. A estudante do curso de Letras Helena Almeida, que vista esporadicamente o espaço, disse que a paz que ela encontra por lá não é encontrada em outro lugar da universidade, além de ser uma grande chance de se conectar com a natureza. 

Helena conheceu Wellington, que lhe explicou como foi construído o lugar e fez uma visita guiada explicando um pouco mais sobre cada detalhe do espaço. O local com as plantas, bancos e a Casa Xakriabá, composta por um fogão de lenha feito a barro e uma mesa, arremetendo a uma cozinha do interior, dá a ideia de lugar aconchegante e de descanso. Alguns elementos diferentes são as pequenas esculturas que se assemelham a terrários e que criam um pequeno universo. Ainda, há esculturas de cerâmica e de madeira que representam rostos de animais e humanos, como os totens de madeira que se parecem com cogumelos e tem rostos humanos.

O Jardim Mandala não é o único projeto de Wellington, ele construiu também um jardim dentro da Escola Belas Artes, que também é uma opção de descanso e estudo para os estudantes. Além desses, outros dois projetos contam com colaboração do artista, que são o jardim da Estação Ecológica, que será finalizado em breve, e um jardim na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), que ainda está em fases iniciais. Porém, mesmo com tantas participações e autorias, o Mandala é o favorito de Wellington, ao qual ele dedica grande parte de seu tempo e está sempre presente para recepcionar e guiar os visitantes.

Revisão: João Alves – Edição: Turma Laboratório de Reportagem