“Não fala mal do Cabral porque eu sei seu nome.” Por essa frase é possível ter noção da relação que os frequentadores possuem com o Cabral Bar’s. Localizado na Avenida Presidente Antônio Carlos, bem em frente ao portão principal do Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais, o boteco é um dos pontos de encontros favoritos dos estudantes que procuram um lugar para conversar e beber de forma descompromissada.

O fluxo é maior às quintas-feiras, quando o Cabral e os bares que estão em seus arredores praticamente desaparecem em meio a uma multidão de jovens bebendo, dançando e se divertindo. Mas afinal, porque o Cabral faz tanto sucesso com os universitários? O que há de diferente por lá? Fomos até o local e perguntamos aos próprios clientes: “Afinal, o que tem no Cabral?” Algumas respostas você encontra no vídeo a seguir.

Bebida, amigos, descontração… Quem ouve as respostas dos frequentadores nem imagina que, para além de um lugar onde estudantes socializam, o “complexo do Cabral” também é um campo de batalha entre moradores, ambulantes e donos dos bares.

A intensidade do movimento às quintas-feiras atrai também ambulantes que dividem a clientela com os três bares e a lanchonete presente no local. Os ambulantes ocupam parte da calçada para vender chope, corote e comidas como macarrão e espetinho. Apesar da presença deles hoje fazer parte da tradição, a administradora do Bar do Cabral, Silvana Cabral, afirma que os ambulantes representam um risco tanto para os frequentadores quanto para os donos.

Mas se os ambulantes são apontados como problema pelos bares, os bares são apontados como problemas para alguns moradores que residem nas proximidades. A principal reclamação é com o barulho nos bares às quintas que, segundo depoimentos, impedem que a vizinhança consiga dormir.

Nossa equipe esteve lá e notou um pouco da confusão sonora descrita pelos moradores. Se na maior parte da semana não há tumulto, às quintas o vozerio dos clientes e as diferentes músicas tocadas ao mesmo tempo pelos três bares aumentam o volume, se tornando uma bagunça que causa estranheza em ouvidos não acostumados. O barulho se intensifica quando as caixas de som, que nem são tão potentes, reproduzem os hits favoritos dos jovens que cantam as letras a toda voz.

Fomos ouvir os moradores, os donos e também os ambulantes a respeito dessa disputa e você pode ouvir o resultado logo abaixo.


As crônicas do gelo e álcool

Geovane dos Santos e Igor Alessandro aproveitam as quintas no Cabral para vender lanche e chopp

Disputa espaço donos e ambulantes


Cadê a polícia que estava aqui?

Nos últimos anos, se tornou tradição dos universitários realizar “O primeiro cabral do ano”, em que eles se reúnem para uma confraternização entre veteranos e calouros na primeira quinta-feira do ano letivo. Mas o que começa como diversão acaba virando caso de polícia quando os clientes começam a “transbordar” para a Avenida Presidente Antônio Carlos, atrapalhando o trânsito em uma das principais vias da cidade.

Em março deste ano, por exemplo, a PM foi acionada para dispersar a multidão e fez uso de sprays de pimenta, provocando desconforto físico em vários dos presentes que, a procura de um lugar seguro – ou seja, longe da polícia –, correm para dentro da Universidade, onde vários continuam a passar mal.

Mas se a Polícia Militar é firme para resolver problemas de trânsito, segundo relatos ela não se mostra tão solícita para resolver outras ocorrências que ocorrem no Bar. Foram várias as fontes que apontaram que a PM não atende chamados para assaltos, que parecem estar se tornando comuns às quintas-feiras.

Robson, dono do Bar do Robson localizado acima do Cabral Bar’s, afirmou que na noite de nossa apuração houve cerca de 15 assaltos nas proximidades do local. “A gente chama e a polícia não vêm. Inclusive, meu filho foi ameaçado de morte aqui. Na quinta-feira ficamos a mercê da bandidagem. Já fizemos até reunião com a Polícia e com o Ministério Público (no ano passado).

Nossa equipe tentou contato com a Polícia Militar, mas até o fechamento da matéria, não obtivemos sucesso.


Mas por que quinta-feira?

A verdade é que ninguém sabe bem o porquê de quinta-feira ser o dia escolhido pelos universitários para se reunirem no bar. Mas existem várias lendas e teorias que se formaram em volta da questão.

Há aqueles que acreditam que se reunir às quintas é uma forma de incluir os alunos que costumam viajar para suas cidades natais nas sextas à tarde. Outros creem que a quinta feira se tornou o dia sagrado do Cabral como forma de substituir o Na Tora, evento tradicional que acontecia dentro do Campus antes das festas sofrerem maiores restrições por parte da reitoria.

Mas na Escola de Engenharia corre a lenda que eles são os verdadeiros responsáveis pela escolha do dia. Segundo Bruno Alberto, Mestrando em Engenharia Elétrica, o hábito surgiu em razão de a sexta-feira ter sido por muitos anos a folga dos estudantes de engenharia, tornando mais prático que eles se reunissem às quintas após as aulas.

Mas e você? Conhece alguma lenda sobre o motivo de a quinta-feira ser “o dia do Cabral”? Tem alguma teoria? Compartilhe conosco na área de comentários aqui do site.

Pedro Dias “já morreu lá uma vez”
Maria Luiza “Continuo não frequentando”
Diego Silva

“Nenhum copo de bebida foi ingerido durante a produção dessa reportagem.”

Tayrine Vaz

“tem cadeira lá no Cabral?”


Naide Sousa“Primeiro porre de muito aluno…”
Yaskara Martins“Conclui que conheço mais o Cabral que o DA do meu curso, é….”

Gabriel Gouveia“Mais descobertas que o Pedro Álvares.”
Clarisse Rocha“A dona do Cabral é um ícone, o bar nem tanto.”
Sebastián Mena“Não é minha primeira nem minha última vez lá”

Fabricio de Andrade

Fiz uma sugestão de pauta e olha no que deu