Iniciativa colabora para a melhoria da qualidade de vida de estudantes com deficiência nos cenários acadêmicos dentro da UFMG.

Por Kelly Silva

A sociedade evolui cada vez mais no âmbito da acessibilidade e inclusão para pessoas com deficiência, acessibilidade esta que é garantida pela Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que é um conjunto de dispositivos destinados a assegurar e a promover, em igualdade de condições com as demais pessoas, o exercício dos direitos e liberdades fundamentais por pessoas com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania.

No cenário atual,  o meio social  ainda não está livre de preconceitos e o capacitismo ainda reverbera no dia a dia e na vida de pessoas com deficiência. Pode-se entender por Capacitismo qualquer tipo de atitude que discrimina ou denota preconceito social contra pessoas com deficiência (PCDs), através de termos e expressões pejorativas que as classifiquem como inferiores a outras pessoas.

Em busca de combater este preconceito no mundo acadêmico, o projeto Portas Abertas, criado e coordenado desde 2021 pela Professora Taciana de Figueiredo Soares, docente da Faculdade de Medicina – UFMG, é um projeto de extensão da Faculdade de Medicina da UFMG que tem como objetivo principal “Melhorar o ambiente acadêmico da PCD, promovendo bem-estar com impacto positivo na permanência e na finalização da graduação dessas pessoas.”, como relata a Professora Taciana.

Capacitismo como assunto central

Realizado em dezembro de 2021, o 1º seminário do projeto Portas Abertas: “Quem define o que cada um pode fazer? Entendendo o capacitismo e como ele impacta no dia a dia da pessoa com deficiência”, a programação foi apresentado de forma online com transmissão pela plataforma Youtube.

O evento contou com a participação de profissionais da área da saúde e do ensino universitário que trouxeram suas experiências e conhecimentos sobre o tema da acessibilidade e inclusão no âmbito da universidade. A discussão também incluiu o que a comunidade acadêmica pode fazer para conter o capacitismo e melhorar a acessibilidade.

Foto: convite para evento/divulgação

O projeto conta com o apoio do Programa de Apoio a Inclusão e Promoção à Acessibilidade – PIPA, e o Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) que tem como responsabilidade a proposição, organização, coordenação e execução de ações para assegurar a inclusão de pessoas com deficiência à vida acadêmica e profissional. O Núcleo é voltado para a eliminação ou redução de barreiras pedagógicas, instrumentais, arquitetônicas, de comunicação e informação, impulsionando o cumprimento dos requisitos legais de acessibilidade.


entrevista

Para maior entendimento do projeto e dos eventos que são produzidos pela equipe, foi realizada uma entrevista com a Professora Taciana de Figueiredo Soares

Para você, o que o projeto significa e sua importância?

Nosso projeto Portas Abertas significa uma forma de colaborar para a melhoria da qualidade de vida dos nossos estudantes com deficiência nos cenários acadêmicos da Faculdade de Medicina/UFMG.    

Desde quando o projeto acontece?

O Projeto Portas Abertas foi criado em meados de 2021, a partir da implementação de um outro projeto, agora pelo edital PIPA/NAI. Esse edital contempla ações para melhoria da acessibilidade e inclusão de estudantes com deficiência, o que se tornou o objetivo principal do Portas Abertas.

É possível estimar o público atingido pelo projeto?

Temos, hoje, na Faculdade de Medicina, 84 alunos com deficiência, distribuídos nos três cursos da Faculdade, a saber, Fonoaudiologia, Medicina e Tecnologia em Radiologia. Nos últimos tempos, temos trabalhado em conjunto com os bolsistas dos outros projetos PIPA do Campus Saúde (mais 3 projetos) em ações com o objetivo de ampliar a nossa cobertura. O que observamos é que muitos ouvintes não indicam ser PCD e são pessoas que se interessam pelo tema e querem aprender para a melhoria do ambiente acadêmico.

Na sua opinião, qual a relevância do projeto no meio estudantil/ acadêmico?

O Projeto Portas Abertas disponibiliza uma oportunidade para debater um tema que, a despeito da sua relevância, não tem sido explorado de maneira adequada e didática. Compreendemos que as pessoas, de uma maneira geral, não estão atentas ao quanto são capacitistas e pouco acolhedoras para as pessoas com deficiência (PCD). Isso ocorre por pura desinformação sobre a legislação vigente (sim, existe lei que norteia essas ações) e sobre o tanto que podemos fazer para retirar as barreiras ambientais e facilitar a vida da PCD.

Qual o principal objetivo do projeto?

Melhorar o ambiente acadêmico da PCD, promovendo bem-estar com impacto positivo na permanência e na finalização da graduação dessas pessoas.

Sobre o evento 1º Seminário do Projeto Portas Abertas, como foi a experiência?

O Seminário “Quem define o que cada um pode fazer? Entendendo o capacitismo e seu impacto no dia-a-dia na vida da pessoa com deficiência” ocorreu em 15/12/2021, quando contamos com a presença de egressos do curso de Medicina/UFMG, onde apresentaram e debateram as condições dos ambientes acadêmicos da nossa Faculdade, tanto há 30 como há 20 anos atrás. Os profissionais trouxeram suas experiências num ambiente onde as pessoas, em geral, não os considerava capazes de realizar adequadamente as funções e o quanto foi trabalhoso vencer tais resistências. Essas experiências puderam ser confrontadas com o que tem sido ofertado como suporte na atualidade pela nossa instituição, tanto no que se refere às instâncias ligadas à Reitoria, quanto aos projetos que estão em curso, como o nosso Projeto Portas Abertas. Tivemos boa audiência durante o evento ao redor do Brasil e ele continua a ser acessado pela plataforma do Youtube. Foi uma experiência exitosa e que deve ser ofertada este ano novamente, com tema diverso.