Enviamos repórteres a parques de várias partes de BH. Eles passaram um dia entre o verde e agora te contam o que há de melhor nesses lugares.

 

Você conhece os parques de Belo Horizonte? Espalhados pela capital, são dos mais variados públicos, atrações, histórias, tamanhos – e problemas. Geralmente, são locais voltados para o descanso, o lazer, a prática de esportes e o contato com a natureza. Mas alguns guardam suas surpresas.

A princípio, pode parecer que os parques só são frequentados aos finais de semana. Mas será que é assim mesmo? Com o objetivo de ver como ficam esses espaços no meio da semana, os repórteres da Transite visitaram alguns parques da cidade, para também descobrir suas atrações e estados de conservação. As chuvas que caíram em abril mudaram sensivelmente a experiência de exploração, e suscitaram relatos marcados pelas condições meteorológicas do período – e acabaram revelando outras condições e problemas desses espaços, sempre relevantes de serem reportados.

 

Parque das Mangabeiras

por Felipe Borges

A reputação do Parque das Mangabeiras fala por si só: patrimônio natural de Belo Horizonte, com projeto paisagístico assinado por Burle Marx, é a maior área verde da cidade, com 2.350.000 m² ao pé da Serra do Curral. Um local onde se pode caminhar, fazer exercícios, praticar esportes ou apenas relaxar junto à natureza.

E também, pelo visto, usar como atalho, que era o que muitos faziam numa fria terça-feira de maio, ensolarada, à tarde. O trajeto entre a Portaria Norte, na Praça Cidade do Porto, e a Portaria Caraça, da rua de mesmo nome, encurtava o caminho dos transeuntes. Andar pouco, porém, não combina com o parque.

Nas portarias já citadas, não havia mapas, nem afixados e nem para distribuir. O guarda disse que teria, talvez, na principal, a Sul, localizada na Av. José do Patrocínio Pontes, bem longe dali. Não havia certeza também quanto à informação sobre os horários do transporte interno do parque.

À pé, a estrada cansa pela extensão e pelo aclive. Tudo é amenizado pelo silêncio e pela umidade fresca do local, que está a uma altitude de 1.000 a 1.300 metros. Sem mapa e com placas confusas pelo caminho a respeito do itinerário do (suposto) ônibus, a organização não faz jus à importância do parque para a cidade – e para o fôlego de quem se aventure a visitar o espaço.

A tranquilidade que o Parque das Mangabeiras proporciona só é quebrada quando um dos seguranças avisa que é preciso ter um pouco mais de cuidado no caminho rumo à Cascatinha, vendo minha câmera fotográfica e minha condição solitária. O movimento cai bastante nos dias de semana, mas, segundo ele, há seguranças pelo caminho – que não foram encontrados.

Apesar de quase vazio, há quem aproveite a tarde no parque: caminhando, praticando esportes, visitando as atrações e aproveitando a bela vista da Serra do Curral.

 

Parque Dona Clara

por Lívia Araújo

Rua Orozimbo Nonato, número 674 – assim constava o endereço do Parque Dona Clara no site da prefeitura – mas, ao chegar na região, nenhum sinal de tal número e ninguém sabia do parque. “Tem um campinho ali embaixo”, foi o que me disse um segurança do Colégio Dona Clara, “mas não sei de parque não”. E, de fato, lá estava: Sociedade Esportiva São José Operário e, ao seu lado, o playground, as mesas de jogos e o espaço de convivência do parque. Ele também conta com uma pista de caminhada e equipamentos de ginástica. Realmente, não culpo a vizinhança por não o conhecer, pois o Parque Dona Clara não tem muita “cara” de parque.

Em plena quinta-feira à tarde, depois de uma semana de chuvas constantes, o sol ora se fazia tímido, ora aparecia por entre as nuvens negras no céu. Embora a área de convivência apresentasse um ar de abandono, com apenas um homem solitário a fumar nas mesas de jogos, o campinho estava muito bem ocupado.

De chuteira e meia nas canelas, alunos da escolinha de futebol disputavam uma partida, enquanto a próxima turma esperava pelo seu horário no campo. A plateia era pequena: três homens sentados no banco ao lado do campinho e um – um tanto embriagado – andava de um lado pro outro me perguntando o porquê de tantas fotos.

Enquanto a bateria da câmera descarregava, a chuva finalmente caiu e os jogadores se amontoaram na única área coberta do parque, onde ficam os banheiros. Não demorou muito a estiar e logo já estavam todos de volta ao campo, um tanto barrento e escorregadio, fato que para eles não parecia importar: já era a hora da próxima turma, afinal.

 

Parque Municipal Ursulina de Andrade Mello

por Thaiane Bueno

O Parque Municipal Ursulina de Andrade Mello fica no bairro Castelo, numa região majoritariamente residencial. Numa quarta-feira de tarde chuvosa, o movimento por lá era inexistente. As únicas presenças eram dos homens que limpavam o local e de animais como patos, macaquinhos, garças e até uma galinha.

O parque é muito arborizado e logo na entrada vemos um laguinho com uma garça, que mais parece uma estátua. Vários macaquinhos aparecem, um até carregando o filhote nas costas.

Andando um pouco mais, há brinquedos, equipamentos de ginástica e mesas com banquinhos. Segundo o homem que fazia a limpeza por lá, muitas pessoas costumam frequentar o local. Mas talvez pelo tempo chuvoso e pelo dia da semana, durante o passeio não encontrei um visitante sequer.

Devido à localização, o parque pode ser de difícil acesso para algumas pessoas, mas saindo da Praça Sete, é possível escolher entre os ônibus 1404A, 1404B ou 4410. Já saindo do campus Pampulha da UFMG, uma possibilidade é pegar o ônibus interno até a Avenida Carlos Luz, e de lá pegar o S54.

 

Parque Escola Jardim Belmonte

por Laiza Monique

O Parque Escola Jardim Belmonte fica localizado na região nordeste de Belo Horizonte. Com aproximadamente 57.600 metros quadrados, foi estabelecido às margens do córrego Maria Goreth.

O caminho que percorri para chegar ao local passa por esse afluente do Rio da Onça – e é impossível não ficar assustado com as condições do local. Ao lado direito de uma ponte estreita, está o final de um túnel, por onde o córrego passa. O barulho da água é muito alto, e o cheiro, bastante forte. Do outro lado da ponte, dividida por pedestres e automóveis, o córrego segue a céu aberto.

O parque possui lugares confortáveis e está à disposição da comunidade. Pessoas passeavam e praticavam esportes, enquanto crianças brincavam, aproveitando as instalações do local. Além disso, o parque é aberto para atividades da Escola Integrada e possui uma Academia da Cidade, programa da prefeitura para a promoção da saúde.

Mas há problemas, segundo alguns funcionários. A academia possui um ambiente fechado para realização dos exercícios, mas algumas atividades são feitas em volta de uma lagoa, onde a lama decorrente da chuva atrapalha e causa riscos para as pessoas.

O mesmo problema acontece em outras áreas, como nas entradas para o parque. Além disso, não existe uma portaria na entrada de carros e o solo é muito irregular. O pensamento que fica é de que as potencialidades dos Parque Escola Jardim ainda serão descobertas.

 

Parque Ecológico Cidade Nova

por  Pedro Lucchesi

Popularmente conhecido como Parque Cidade Nova, o Parque Municipal Professor Marcos Mazzoni, possui 14.080 m² de área totalmente cercada. Devido à chuva da quarta-feira à tarde, encontrei apenas uma pessoa com um cachorrinho andando pelo espaço. A maior parte de sua área é ocupada por árvores, arbustos e grama, muito bem cuidados.

O parque conta com brinquedos como gangorras e balanços, aparelhos de ginástica, um teatro de arena e a pequena, mas simpática, Biblioteca Comunitária Armando de Paula, que é uma iniciativa do Instituto duBem, em parceria com a PBH. Nela, o jornalista Carlos Eduardo Rodrigues atua como voluntário. Segundo ele, o parque costuma ficar cheio de crianças pela manhã, que aproveitam a parte do acervo dedicada a elas. Livros infantis, de literatura, cinema, teatro e política, revistas como a Cult, a Bravo e a Brasileiros, além de filmes, são as opções de empréstimo.

São três formas de acesso ao parque: pela rua Dr. Júlio Otaviano Ferreira, ao lado da Escola Municipal Professora Maria Modesta Cravo; pela Avenida José Cândido da Silveira, próximo da rua Júlio Otaviano Ferreira; e pela rua Dep. Bernardino de Sena Figueiredo, 1002, que é a entrada principal.

 

Parque Municipal Américo Renné Giannetti

por Henrique Jayme Cunha

O Parque Municipal Américo Renê Giannetti, ou apenas Parque Municipal, é um dos principais e mais famosos pontos de Belo Horizonte. Apertado entre prédios no hipercentro da capital, ele apresenta uma dinâmica única, especialmente diferente dos demais. Por estar localizado bem próximo ao trabalho de milhares de pessoas e em um dos lugares mais movimentados da cidade, possui um público extremamente diverso. O parque nunca fica vazio. Às vezes muito cheio, às vezes menos – mas nunca deserto.

Numa tarde parada de um dia de semana, vemos, principalmente nas entradas, um grande número de pessoas. O parque serve como ponto de venda de ambulantes, de encontro de casais, amigos e de familiares. Os ambulantes não ficam só na entrada, usam todo o parque e sua linda paisagem para vender seus bombons ou artesanatos.

Disputando lugar com os vendedores, dezenas de moradores de rua e pedintes com as mais diversas histórias, contando com a boa vontade das pessoas para conseguir uns trocados, ou apenas cochilando, passeando e vivendo suas vidas. Outros dos principais frequentadores do parque são os casais que, sentados no gramado, nos bancos ou nas pequenas praças espalhadas pelo parque, sempre apreciam uma bela paisagem.

Também vários grupos de amigos convivem por lá, e diferentes idades e estilos contrastam com a escolha em comum do lugar. O parque também é lugar de oração e meditação para alguns grupos, paisagem para fotografias, contato com a natureza, cochilos no horário de almoço e mais incontáveis usos.

Um outro movimento forte é o dos praticantes de esportes. O parque conta com equipamentos de ginástica, pistas de caminhada, de patinação e duas quadras, uma de tênis e uma poliesportiva, usada principalmente para futebol. A utilização é gratuita; é preciso apenas procurar a administração para agendar o uso.

Crianças também ocupam as tardes do parque. Quando não estão correndo dos pais ou em direção a eles, estão nos brinquedos do outro lado do parque. É muito comum ver um ou outro brinquedo funcionando e servindo como trilha sonora para o ambiente. Mesmo se todos os casais, grupos de amigos, de esportes, oração, moradores de rua e as pessoas que usam o espaço apenas para cortar caminho fossem embora, o parque ainda não ficaria sem uso: dez, 50, 100 gatos? Difícil até mesmo chutar um número, mas fácil perceber que são muitos os que vivem ali. Incontáveis gatos abandonados ou trazidos formam a fauna do parque e, juntamente com os pássaros e marrecos, fazem do parque sua selva.

 

Parque Elias Michel Farah

por Afonso Sepulveda

Implantado há 16 anos, o Parque Elias Michel Farah, no bairro Ouro Preto, região da Pampulha, tem aparência de recém criado. A conservação talvez seja pelo pouco uso do espaço pela população. O principal público do parque são as famílias do bairro Ouro Preto e Engenheiro Nogueira, que usam apenas o playground. O espaço infantil mal representa um terço de todos os 6.300m2. O Elias Michel Farah não é um parque esportivo, já que a maior parte de sua extenção é feita por uma vegetação intensa e alta, com poucos passeios e alguns bancos de concreto.

 

Parque Marcus Pereira

por Marina Dayrell

Em uma quinta-feira chuvosa, o Parque Marcus Pereira de Mello, localizado no bairro São Lucas, estava completamente deserto.

A área do parque é pequena e bastante arborizada. Apesar do tamanho, o paisagismo do local o torna bastante agradável, mas contrasta com as suas estruturas precárias. A quadra de futebol parece ser a única atração que resistiu. Ainda conserva suas duas traves, o que possibilita que os moradores da comunidade mais próxima pratiquem futebol todos os dias, das 13h às 16h40. As outras atrações estão deterioradas, como as argolas enferrujadas e o balanço que não existe mais.

Resta aos frequentadores do parque utilizarem apenas a área arborizada, como é o caso dos moradores do bairro, que passeiam com seus cachorros no local ou das escolas Integrada e José Bonifácio, que, semanalmente, levam as crianças para brincarem no espaço.

Segundo um dos guardas municipais responsáveis pela segurança do local, o empreendimento municipal está abandonado há vários anos.

 

Lagoa do Nado

por José Henrique Pires

O Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado está entre os bairros Planalto e Itapuã, na região norte de Belo Horizonte. Na tarde de uma quinta-feira, dia útil, o cenário no local era de pós-chuva: cheio de poças d’água e vazio de visitantes.

O parque possui quadras, trilhas, biblioteca e um espaço multimeios, unindo natureza, esportes, lazer e cultura – tudo aproveitado apenas em dias sem chuva, pelo visto.

O local possui uma calmaria que contrasta com o constante barulho do trânsito e das atuais obras na Avenida Pedro I. Os problemas do parque estão, principalmente, nos espaços esportivos. As redes das quadras de peteca estão desmanchando, de tão velhas. Já os gols das quadras de futebol não possuem redes e as cestas de basquete não existem. Ninguém trabalhava na pista de skate que (supostamente) está sendo construída.