Entenda quais as iniciativas de apoio que a prefeitura e instituições locais de Belo Horizonte oferecem aos músicos que iniciaram sua carreira na cidade após a pandemia

Por Giovana Souza e Maria Eduarda Castro

A cidade de Belo Horizonte, tanto suas instituições locais quanto seus residentes, se posiciona constantemente, em escala estadual e nacional, como um polo de expressivas produções culturais, dedicado a apoiar e incentivar artistas locais no desenvolvimento de suas carreiras. Esta situação é especialmente agravada no cenário musical, dada a significativa quantidade de músicos bem-sucedidos nacionalmente que iniciaram sua trajetória na cidade. Contudo, é necessário questionar até que ponto as instituições municipais verdadeiramente apoiam esses artistas em ascensão, principalmente, considerando os músicos jovens, que estão cursando o final de ensino médio ou a faculdade, e que iniciaram sua carreira após a pandemia, período recente que reconfigurou as dinâmicas sociais e, consequentemente, o panorama musical.

A partir disso, é pertinente que façamos um balanceamento entre as dificuldades enfrentadas pelos músicos para acessar oportunidades e iniciativas de apoio e incentivo que efetivamente os alcançam, além de estabelecer se elas são suficientes para manter esses artistas motivados a prosseguir com suas carreiras. 

As redes de apoio fechadas

Umas das dificuldades mais significativas enfrentadas pelos músicos locais é a existência de grupos fechados de pessoas, que incluem artistas, produtores ou organizadores de eventos. Embora esse desafio não esteja diretamente conectado à cidade, ele se desenrola nas relações sociais municipais e impacta fortemente a busca por oportunidades dos músicos. Os artistas destacam a existência de um apoio expressivo entre os músicos, visando auxiliar uns aos outros a evoluir e prosseguir com suas carreiras. No entanto, esse apoio muitas vezes se limita aos grupos nos quais cada pessoa está inserida, sem reconhecimento dos artistas que buscam avançar com sua arte fora desses círculos. Esse fato tem um impacto na vida dos artistas aspirantes, já que muitos dependem das pequenas oportunidades para se estabelecer no cenário. Sem a chance de entrar em contato com nomes influentes e acessar espaços que moldam o universo musical, suas carreiras podem se encerrar antes mesmo de começarem. 

Além disso, é possível perceber a presença do machismo estrutural, intrínseco à nossa sociedade, influenciando essas relações. A cantora e compositora, THAIS, afirma que o maior desafio enfrentado por mulheres musicistas é a predominância masculina no cenário musical. De acordo com a cantora, os homens da área tendem a priorizar a música masculina, criando colaborações frequentes entre eles, o que limita as oportunidades para a música feminina. Ela destaca que as próprias mulheres do cenário que tem a intenção de se conectar encontram dificuldades, indicando que, se uma cantora deseja trabalhar com outra mulher, ela precisa especificar esse interesse, pois, de outra maneira, as primeiras recomendações recebidas serão de artistas masculinos. 

Por fim, THAIS ressalta as disparidades no tratamento entre a música masculina e feminina, expondo que as percebe através das diferentes preocupações que afetam ela e seus amigos músicos. “A gente conversa e a gente age como se a gente tivesse de igual para igual, como se nós tivéssemos a mesma vida e as mesmas preocupações, mas não, nós não temos. Eu converso com meus amigos e eu falo ‘o maior medo de vocês de ter um problema com um cara poderoso da música é o cara te passar um contrato ruim e você se dar mal de alguma forma’. O meu maior medo, o maior medo de várias mulheres que eu conversei é o cara virar para você, te assediar e falar ‘se você não transar comigo eu vou acabar com sua carreira’. Porque isso é uma coisa que acontece.”, ela relata.

O alto custo que envolve fazer música

Outro desafio que impacta a trajetória dos jovens músicos de Belo Horizonte é a questão financeira. A prática da música, independente do local, é uma atividade muito cara, que requer uma sólida base econômica ou uma dedicação de anos para economizar recursos. A gravação profissional de uma música, por exemplo, implica custos consideráveis, cerca de 1500 reais em Belo Horizonte, isso sem mencionar os custos associados à organização do primeiro show. É um fato que o início da carreira musical exige um grande esforço por parte do próprio artista, que precisa trabalhar de diversas maneiras para acumular fundos ou recorrer a um investimento inicial dos pais, e é inegável que, frente a essa realidade, o cenário exclui, constantemente, artistas provenientes de camadas sociais oprimidas que não possuem os meios para acumular os recursos necessários. 

A Escadacima, banda belo-horizontina aspirante no rock alternativo, compartilha as dificuldades financeiras que eles enfrentaram ao longo do percurso, especialmente no que diz respeito a gravação e lançamento de músicas, e as alternativas que encontraram para superar os obstáculos e alcançar o sucesso atual. Segundo os integrantes da banda, a Escadacima possui um show frequente na Major Lock Pub, uma casa noturna renomada na cidade, e é esse privilégio que proporciona a eles a continuidade dos seus projetos. É essa fonte de renda relativamente estável que oferece um suporte para que eles consigam uma quantidade considerável de fundos e continuem investindo em sua arte. 

Show da Escadacima na Major Lock Pub. Imagem: Reprodução/Instagram. 

João Viola, um dos guitarristas da banda, destaca a consciência que eles possuem de que a maior parte de sua renda se origina dos shows, e que esperar que essa remuneração venha da reprodução das músicas é ilusório. Ele explica: “Tem uma coisa que é muito nova também e é um pouco até frustrante, tipo assim, a gente sabe que a gente não vai ganhar nada com as músicas, nada. No spotify, as três músicas que a gente lançou lá, no total já devem ter passado de 20 mil plays, o que não é muito, mas é legal. A gente não ganhou nada com isso, a gente ganhou no total 100 reais. Nesse tempo todo, no último ano inteiro. Não dá, os artistas hoje em dia não podem contar com receber por ouvintes.” É diante dessa declaração que torna-se evidente uma realidade musical de Belo Horizonte na qual se dedicar à arte exige, financeiramente, mais do que oferece, levando-nos questionar a eficácia das iniciativas de apoio provenientes da prefeitura. 

 Foto de João Viola. Por Bruna Simões. 

As iniciativas artísticas derivadas da prefeitura

O conjunto de opiniões expressas em nossas entrevistas revela que as iniciativas da prefeitura podem ter propostas e objetivos sensatos em termos de visibilidade e criação de oportunidades para os novos músicos da cidade. No entanto, existe uma falha considerável na divulgação dessas iniciativas, uma vez que a abertura dos editais quase nunca é informada de maneira abrangente, apesar de ser de conhecimento geral. Além disso, a burocracia extraordinária, muitas vezes, desencoraja muitos músicos a se inscreverem nos processos.

Matheus Marotta, cantor e compositor em ascensão no cenário, expõe que para ele as iniciativas são um grande apoio, mas que nunca viu a divulgação delas, e não possui o conhecimento de dados básicos, como onde são divulgadas, quando as inscrições são abertas e com qual frequência os editais são lançados. Os integrantes da banda Escadacima, compartilham da mesma opinião. Eles expressam que, embora estejam atualmente em busca de editais, devido aos benefícios que oferecem, enfrentam dificuldades anteriores relacionadas à burocracia. Preencher os editais exige uma dedicação significativa, e conciliar essa tarefa com as atividades da banda, redes sociais, vida pessoal e faculdade representa um desafio adicional. 

Por outro lado, temos Rafa Bicalho, um cantor, compositor e produtor, nascido em Divinópolis e que se mudou para Belo Horizonte no final de 2021. Rafa possui experiência prévia em iniciativas apoiadas pela prefeitura de sua cidade natal e defende que elas são essenciais para realizar os projetos de muitos artistas, como o clipe de sua música “Um Milhão de Coisas”, gravado a partir de uma lei de incentivo. Apesar da complexidade dos editais, ele ressalta a importância dos artistas compreenderem que essas iniciativas existem para ajudá-los. Atualmente, Rafa é o único entrevistado inscrito em um edital, embora seja estadual.

 Capa do single “Um milhão de coisas”. Imagem: Reprodução/Instagram 

Ao avaliarmos criticamente a eficácia dos projetos da prefeitura de Belo Horizonte, com base nas experiências dos jovens músicos, surge a oportunidade de uma comparação entre os eventos destinados à visibilidade de artistas locais aspirantes que foram organizados pela prefeitura e por outras instituições. Em 2022, a Escadacima participou do BH Stone, um festival organizado pela prefeitura, no qual conquistaram a vaga por meio de inscrição. De acordo com os integrantes, a experiência no evento foi, no mínimo, caótica. A poucos dias da data, surgiu a informação de que não haveria cachê para os artistas, levando alguns a desistirem. Apesar disso, a banda optou por não seguir o mesmo caminho, uma vez que já haviam divulgado sua participação e dedicado um tempo ao ensaio. No entanto, eles enfrentaram contratempos decorrentes da má organização. Originalmente programada para iniciar às 20h, a apresentação da Escadacima só teve início às 21h30, resultando em apenas meia hora de show, devido às regras de silêncio urbana. Apesar da promessa de uma premiação atraente, os membros da banda sugerem que seria benéfico oferecer um prêmio modesto e garantir um evento mais bem estruturado e respeitando a dignidade dos artistas.

É relevante notar que o evento não ocorre mais, em grande parte devido à falta de apoio da plateia. A existência de adversidades relacionadas aos espectadores levaram Theo, baixista da banda, a expressar uma visão crítica sobre o público de Belo Horizonte. Theo comenta: “Eu acho que o público de BH tem uma mentalidade de que, quando os artistas estão em BH e começando, está acontecendo coisas novas e tal, parece que existe um falta de interesse muito grande pelo que está acontecendo na cidade, aí quando os artistas vão tocar, por exemplo, em São Paulo, vira tipo ‘nossa sempre fui fã’, o hype cresce. Eu acho que em BH existe uma cultura muito grande de não apoiar artistas de Belo Horizonte até eles começarem a tocar fora, aí beleza ‘eles são artistas nacionais, agora a gente pode gostar deles’. É uma cidade muito conservadora, assim, eu acho.”

Foto de Theo Vargas. Por Bruna Simões. 

Ao contrário da experiência relatada pela banda, Rafa Bicalho compartilha sua participação em outro festival, o conhecido Tranquilo BH. Este evento ocorre semanalmente, às terças-feiras, e caracteriza-se por ser mais discreto e democrático do que outros festivais. Sua estrutura inclui sempre a presença de três artistas, um de pequeno, um de médio e um de grande porte e, além disso, possui um público específico, sempre com o objetivo de descentralizar a cena musical. Diferentemente do BH Stone, o Tranquilo BH se destaca por sua organização eficiente, contribuindo para que seja duradouro. O evento permitiu que o Rafa se apresentasse, no início da carreira em Belo Horizonte, para um público de cerca de 800 pessoas, o que fez com que ele conseguisse uma visibilidade significativa e alcançasse uma chance de obter novas oportunidades.

O suporte das casas de show 

Outro ponto a ser considerado é o apoio das casas de shows belo-horizontinas aos artistas locais. É fato, segundo os entrevistados, que as casas e bares de BH são mais abertos a shows de covers (quando um artista interpreta canções de outros), pois necessitam de pouca estrutura e, consequentemente, baixo valor de investimento. Em geral, nesse tipo de show, os contratantes pagam um cachê muito baixo e oferecem algo para comer. Para isso, há muitas oportunidades na cidade, porém não é a melhor opção para os artistas locais, visto que não há espaço para tocarem suas próprias músicas e o valor recebido não compensa o esforço.

Assim, quando falamos de lugares que se mostram abertos para que os artistas apresentem suas canções autorais, a lista reduz um pouco. Muitos espaços não estão dispostos a investir, de forma justa, nesses artistas porque demanda um esforço. Se for uma banda, por exemplo, precisa de toda estrutura correta no palco, investindo em som e profissionais da área. Além disso, existe a incerteza. Não tem como prever o público que esses artistas vão conseguir levar ao show, logo, não se sabe o potencial da bilheteria. Tudo isso agrava a falta de receptividade e boas oportunidades para os artistas locais em BH.

Nesse sentido, as casas mais citadas nas entrevistas, que se mostram receptivas a darem espaços para os músicos locais, são a Major, a Lab, a Autêntica e a Casa Matriz, local, inclusive, onde Matheus Marotta fez o seu primeiro show solo para o lançamento do seu álbum. Ele diz que, em geral, as casas têm um custo muito alto que os artistas independentes não conseguem arcar, entretanto, há uma abertura como a da Casa Matriz que, por estar há muito tempo na cena artística de BH, vê vantagem na recepção de novos artistas. Rafa Bicalho diz: “Eu até guardo um pouquinho para fazer shows em datas especiais, tipo assim, o meu último lançamento que foi no meu aniversário. Aí a gente fez tipo um show de lançamento e meu aniversário junto”. Ele cita que os artistas sempre têm que ficar balanceando entre o quanto de gente seu show vai trazer e o quanto de arte autoral você quer mostrar, tem que ter tudo isso em mente visando aumentar a receptividade do contratante. 

Registro do show de Matheus Marotta na Casa Matriz. Arquivo Pessoal.

Entretanto, ao serem questionados sobre os desafios enfrentados para conquistarem oportunidades em BH, os integrantes da banca Escadacima prontamente falaram sobre a situação com as casas de show. Para além da falta de receptividade da maioria delas, tirando essas de base citadas anteriormente, há uma grave situação de exploração financeira. Eles citam que se esforçam muito para conseguirem um show, mas não ganham o retorno devido e nem o reconhecimento necessário. Em geral, há um cachê para a banda que, no caso deles, eles investem na carreira, mas não há participação no lucro. Às vezes, nem todo o couvert artístico cobrado pela casa vai para eles. Como em uma vez que eles foram chamados para tocar em um lugar em BH, que preferiram não expor, e o dono queria tirar 30% do couvert artístico, mesmo que não fizesse sentido. Em outra situação, a baterista Nina nos conta: “Já negaram até água para a gente”. Infelizmente, é evidente que o que importa para as casas de show é o lucro obtido, mesmo que às custas do trabalho alheio.

Nina também nos revela que não existem muitas parcerias entre artistas locais e essas casas de show. Parceria de verdade existe entre as bandas, por exemplo, ao se apoiarem, fazerem show juntas e tentarem levar a música belo-horizontina ao mais elevado nível. O que existe entre os artistas e as casas de show são trocas, muito mais benéficas para os contratantes do que para os artistas. No início da carreira deles, por exemplo, a banda levava cerca de 100 pessoas para o show, supondo que o ingresso custava 30 reais e cada pessoa consumia 50 reais na casa, isso gerava um lucro, por exemplo, de 8.000 reais em uma noite. Enquanto isso, os artistas, que de fato fazem o show acontecer, receberam 400 reais e, dividindo pelos cinco integrantes, dá um cachê de 80 reais, o que não é justo pelo esforço realizado – esses são valores baseados em uma situação verídica, segundo João Viola e Nina.

O acesso aos estúdios de gravação 

Também questionamos os entrevistados acerca dos estúdios de gravação de BH para entendermos ainda mais o apoio a novos artistas. Segundo Rafa, a maioria dos novos artistas, incluindo ele e o Matheus, por exemplo, gravam suas produções em casa, não dependendo exclusivamente de estúdios, seja com home studio ou com placas de áudio simples para realizar as gravações. Isso acontece muito porque os artistas iniciantes, como já foi citado ao longo da matéria, não têm condições financeiras para arcar com todos esses custos. Então, se tem condições, pagam e vão para o estúdio, se não, gravam em casa. Mas sempre com uma produção bem independente e com uma equipe pequena. 

Rafa também diz que os muitos estúdios têm se mostrado mais abertos a esses artistas, até mesmo abaixando o preço das gravações para facilitar esse acesso, visto que é bom para o próprio circuito de estúdios essa ajuda. Essa afirmação é repetida por Matheus e, segundo ele, a disponibilidade dos estúdios belo-horizontinos é bem maior do que as das casas de show, por exemplo, haja vista que eles são mais popularizados. Mas, como tudo no universo musical, ter o “quem indica” ajuda muito, ou seja, conhecer alguém que tenha acesso aos estúdios facilita bastante a entrada nesses lugares.

Falando sobre valores, na grande maioria, a hora no estúdio gira em torno de 70 a 90 reais, apenas para utilização. Isso auxilia muito nos ensaios, por exemplo, deixando todo o processo musical mais profissional e aumentando a qualidade da entrega final do show. Contudo, quando falamos de toda produção completa de uma música, totalmente profissional, o valor aumenta bastante. A banda Escadacima citou valores de 1.100 a 1.500 reais para cada música gravada profissionalmente, contando a horas no estúdio, os profissionais envolvidos e toda a produção. Ou seja, para gravar mais do que duas músicas, como um EP ou um álbum, tem que investir valores altos ou optar pelas gravações caseiras. 

Para pagar essas gravações, a banda usa de dinheiro arrecadado por meios de shows, principalmente, já que, como falamos, depender dos streamings é inviável. Por isso, vale ressaltar que uma coisa está conectada a outra. Se os artistas não são bem pagos por meio do seu trabalho, eles não conseguem investir nas carreiras, o que fica mais difícil ainda de serem mais profissionais. Para isso, a cidade de BH e seus habitantes, devem apoiar seus artistas locais para que eles possam crescer.

Por fim, o apoio é suficiente?

Ao finalizarmos todas as entrevistas, perguntamos para todos se, a partir das experiências na cidade de BH, eles acreditavam que as iniciativas municipais eram suficientes para que eles continuassem com as carreiras. A resposta foi sempre a mesma: não. THAIS afirma que as iniciativas falham na comunicação e não chegam para os artistas como deveriam. Tudo que envolve música é muito caro e o que ela ganha não é proporcional com o que ela gasta. Se fosse depender dessas iniciativas, não teria como continuar.

Já Matheus destaca o quanto os artistas independentes necessitam de fazer muito além da música. No início da carreira, esses músicos têm que fazer muitas coisas sozinhos, como sua própria comunicação, divulgação, produção e etc. Fazer tudo isso e ainda investir em editais e iniciativas municipais demandaria muito tempo e esforço, o que é completamente inviável. Além disso, é desanimador! O fato de que muitas outras oportunidades poderiam ser ofertadas e o fato de ter que fazer tudo sozinho é muito desgastante. Muitas vezes, os artistas iniciantes têm que correr atrás de outros artistas que também estão começando, sendo que eles poderiam ser auxiliados por quem já está melhor posicionado na música. Mas ele cita algo positivo: “A gente vê uma banda ou um artista renomado tocando na Autêntica, por exemplo, dá ainda mais vontade de chegar lá”. Porém, novamente, se dependesse só das iniciativas, não teria como prosseguir com a carreira. 

Rafa Bicalho conta que há pessoas que estão interessadas em fazer eventos abertos aos artistas independentes da cena de BH. Mas ele gostaria que fosse ainda mais amplo e aberto e, principalmente, que os locais da cidade estivessem mais disponíveis. Por isso, ele acha que os artistas locais precisam se unir mais e se posicionarem em prol dessas iniciativas para que as instituições enxerguem que vale a pena investir nisso. Infelizmente, é muito difícil que os próprios artistas vejam que as leis de incentivo são para eles, devido a burocracia e falta de informações, essas dificuldades os fazem questionar se o objetivo é realmente ajudar as pessoas. Só que essas iniciativas existem e são boas oportunidades de crescer, mas, se fosse depender apenas delas, ele também não conseguiria dar continuidade na carreira.

Por fim, a Escadacima reafirma que as iniciativas municipais não são suficientes para que eles mantenham a banda. Eles falam acerca da competitividade dos editais, o que não é muito justo haja vista que cada banda tem uma proposta diferente e todas merecem ajuda. Como já foi dito ao longo da matéria, era mais benéfico que eles investissem em apoio justo para todos os envolvidos, no lugar de uma premiação de altíssimo valor. Tem muitas bandas e poucos editais. Alguém sempre consegue ganhar, mas em detrimento de todos os outros. E, mais uma vez, se for depender só disso, não teriam como continuar com a banda.

Todos os entrevistados destacam a posição de privilégio que eles ocupam. Apesar das dificuldades enfrentadas, eles conseguem prosseguir com o sonho da carreira musical. Eles relatam a importância do apoio da família e dos amigos nesse caminho e o fato de que eles têm condições de investir na carreira e arcar com os elevados custos de profissionalizar suas músicas, mesmo que apenas os iniciais. Todos eles estão na região central e Centro-Sul de Belo Horizonte, bairros privilegiados, que apoiam a cultura local e com facilidade em muitos processos e sabemos que isso não é uma ação uníssona em toda a cidade. BH, sendo o polo cultural e musical que afirma constantemente ser, deve valorizar seus artistas independentes, afinal, são eles que perpetuarão a nossa rica cultura.

Conheça os artistas

ESCADACIMA (@escadacima)

Escadacima é uma banda belo-horizontina de rock alternativo formada em 2021 e composta por 5 jovens. João Pedro (vocalista), João Viola (guitarrista), Nina (baterista), Theo (baixista) e Xico (guitarrista) contém em sua discografia atualmente três músicas, que dia 07/12 será contemplada com um single duplo intitulado “Esperar cansa?”.  

Veja aqui perfil da banda no Spotify e escute suas músicas.
Foto de Escadacima. Por Bruna Simões.

MATHEUS MAROTTA (@mathmarotta)

Matheus Marotta é um artista belo-horizontino que iniciou sua carreira solo em 2021, depois de dois anos na banda “Fontanella”. Matheus lançou seu primeiro álbum de estúdio, ETILENO, em 2023, disponível em todas as plataformas digitais e o artista tem uma discografia de nove músicas e quatro clipes. 

Veja aqui o perfil do artista no Spotify e ouça seus lançamentos.
Foto de Matheus Marotta. Por Paulo Henrique. 

RAFA BICALHO (@orafabicalho)

Rafa Bicalho é natural de Divinópolis e se mudou para Belo Horizonte em 2021. Ele apresenta uma discografia de treze músicas e um EP intitulado “Menino Bom”, lançado em 2022. Além disso, ele possui sete clipes, incluindo o de “Um Milhão de Coisas Boas”, citado na reportagem. 

Acesse aqui o perfil do artista no Spotify e ouça suas músicas.
Foto de Rafa Bicalho. Por Rafaela Urbanin.

 

THAIS (@oiethais)

Thais Almeida, conhecida artisticamente como THAIS, é uma cantora e compositora mineira que iniciou sua carreira também em 2021. Com mais de 5 músicas lançadas e um EP intitulado “Abalo” em sua discografia, a cantora está inserida atualmente no gênero pop indie e bedroom pop, mas pretende se inserir futuramente no universo do pop rock. 

Acesse aqui o perfil da artista no Spotify e escute seus lançamentos.
Foto de THAIS. Por Gabriel Hand.